O que não é Anti-Percurso?
Anti-Percurso não é inovador, atualíssimo, o sumo da contemporaneidade da dança, revolução no quesito abandono de antigos padrões estéticos e de movimentos, não é o diferencial que carrega multidões à mais recente abordagem em dança-tecnologia-poesia-gesto-movimento...
Simplesmente porque ele não se propõe a ser nada disso.
Espetáculo sem vergonha do que já foi, Anti-Percurso não é a praticidade burra da busca cega pelo novo, o que é o novo?
Qual é o problema de re-visitar o passado se ele ainda lhe cabe?
Não é como voltar com um antigo namorado por quem você não sente nada apenas para não ficar sozinha. É encontrar o que ainda faz sentido, o que ainda me move e também aquilo que eu já consumi ao máximo e que não me interessa mais.
No entanto essa é uma questão pessoal, como poderei eu apontar o dedo para Nastaja e lhe dizer que não cabe mais ao seu corpo cair?
O a Sabrina e lhe dizer para esquecer os movimentos criados a partir do 8?
Cabe a cada uma entender o que ainda lhe serve, sem medo de parecer antiquada, a final de contas qual é o problema das quedas, do pa-de-deux, de Stanisláviski, ou de qualquer outra coisa pensada a mais de cem anos? heheh
Tivemos que superar tantas dificuldades para permanecer dançando juntas e acredito que tantas outras ainda virão. Mas quando tudo me parecia etéreo demais a ponto de perder-se em meio a tantas outras moléculas de desânimo, Anti-Percurso me veio à mente. Uma idéia nada original, uma colagem de cenas legais sob uma boa justificativa, aquela que eu nunca dei:
Permanecermos na O’ctus, dar a Cia. algo a se apoiar, a nos apoiar...Unir novas idéias às que já possuíamos, idéias fáceis, em torno de nós mesmas, de nossa realidade. Estávamos em caminhos diferentes mesmo acreditando que andávamos lado a lado! Pelo menos era assim que eu sentia!
Com todas essas frases soltas eu quis dizer apenas o que Anti-Percurso não é para mim.
Não o vejo causando o frisson naqueles que são fascinados pelo novo, (se Pina Bausch quando ainda estava entre nós criasse um espetáculo em que a sonoplastia fosse feita por bailarinos peidando, aposto que em seguida as pesquisas de vários bailarinos, coreógrafos assim como de teóricos da dança-antropologia-sociologia-novas mídias.... seria: “a escatologia na sonoplastia para os espetáculos de dança” hehe! Minto?
Por isso acho que no momento, não devemos nos atar. Anti-Percurso não surgiu de impedimentos, não designa e eu acredito que não deve designar um fim.
Estamos “à caminho” e por enquanto isso só pode nos favorecer
Não estou falando que vale tudo, que vamos fazer a dança do macarrão, a geriátrica e a esquizofrênica em um mesmo espetáculo heheh. Estou apenas propondo que não tenhamos medo ou vergonha do que já nos coube, e que talvez ainda nos caiba!
Podemos ter um espetáculo poético, belo, sensível, que a partir de nossos umbigos atinja e converse com diversas pessoas, pessoas que nem conheçam a O’ctus. Movimentos dotados de sentido, intenções, complexidade quando lhes for necessário assim como muitas singelezas. Agonia, risadas, estranhamento, esclarecimento, admiração, aproximação e por fim fruição!
É isso o que Anti-Percurso não é pra mim.
Charlene
Anti-Percurso não é inovador, atualíssimo, o sumo da contemporaneidade da dança, revolução no quesito abandono de antigos padrões estéticos e de movimentos, não é o diferencial que carrega multidões à mais recente abordagem em dança-tecnologia-poesia-gesto-movimento...
Simplesmente porque ele não se propõe a ser nada disso.
Espetáculo sem vergonha do que já foi, Anti-Percurso não é a praticidade burra da busca cega pelo novo, o que é o novo?
Qual é o problema de re-visitar o passado se ele ainda lhe cabe?
Não é como voltar com um antigo namorado por quem você não sente nada apenas para não ficar sozinha. É encontrar o que ainda faz sentido, o que ainda me move e também aquilo que eu já consumi ao máximo e que não me interessa mais.
No entanto essa é uma questão pessoal, como poderei eu apontar o dedo para Nastaja e lhe dizer que não cabe mais ao seu corpo cair?
O a Sabrina e lhe dizer para esquecer os movimentos criados a partir do 8?
Cabe a cada uma entender o que ainda lhe serve, sem medo de parecer antiquada, a final de contas qual é o problema das quedas, do pa-de-deux, de Stanisláviski, ou de qualquer outra coisa pensada a mais de cem anos? heheh
Tivemos que superar tantas dificuldades para permanecer dançando juntas e acredito que tantas outras ainda virão. Mas quando tudo me parecia etéreo demais a ponto de perder-se em meio a tantas outras moléculas de desânimo, Anti-Percurso me veio à mente. Uma idéia nada original, uma colagem de cenas legais sob uma boa justificativa, aquela que eu nunca dei:
Permanecermos na O’ctus, dar a Cia. algo a se apoiar, a nos apoiar...Unir novas idéias às que já possuíamos, idéias fáceis, em torno de nós mesmas, de nossa realidade. Estávamos em caminhos diferentes mesmo acreditando que andávamos lado a lado! Pelo menos era assim que eu sentia!
Com todas essas frases soltas eu quis dizer apenas o que Anti-Percurso não é para mim.
Não o vejo causando o frisson naqueles que são fascinados pelo novo, (se Pina Bausch quando ainda estava entre nós criasse um espetáculo em que a sonoplastia fosse feita por bailarinos peidando, aposto que em seguida as pesquisas de vários bailarinos, coreógrafos assim como de teóricos da dança-antropologia-sociologia-novas mídias.... seria: “a escatologia na sonoplastia para os espetáculos de dança” hehe! Minto?
Por isso acho que no momento, não devemos nos atar. Anti-Percurso não surgiu de impedimentos, não designa e eu acredito que não deve designar um fim.
Estamos “à caminho” e por enquanto isso só pode nos favorecer
Não estou falando que vale tudo, que vamos fazer a dança do macarrão, a geriátrica e a esquizofrênica em um mesmo espetáculo heheh. Estou apenas propondo que não tenhamos medo ou vergonha do que já nos coube, e que talvez ainda nos caiba!
Podemos ter um espetáculo poético, belo, sensível, que a partir de nossos umbigos atinja e converse com diversas pessoas, pessoas que nem conheçam a O’ctus. Movimentos dotados de sentido, intenções, complexidade quando lhes for necessário assim como muitas singelezas. Agonia, risadas, estranhamento, esclarecimento, admiração, aproximação e por fim fruição!
É isso o que Anti-Percurso não é pra mim.
Charlene
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