quarta-feira, 6 de abril de 2011

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Vídeo-Arte

Lembrei que nos projetos que venho escrevendo para Anti-Percurso, digo que será um espetáculo de dança contemporânea e vídeoarte ou é video-arte? Já ví escrito dos dois modos... Mas me dei conta que mal entendo sobre o assunto!
Sei o que o espetáculo propõe, a interação que queremos com os vídeos, cenas "ao vivo" interagindo com cenas gravadas, edições que apresentem propostas que não poderiam ser executadas ao vivo, mas que serão fundamentais para o espetáculo, dentre outras idéias..., cada uma pensada para um momento diferente que traz e/ou agrega sentido e valor à proposta.
No entanto sinto que falta mais clareza... o que pretendemos em Anti-Percurso é Videoarte? Sim, não, então o quê é? Video com dança heheh?
Como cada cena tem sua idéia elaboraba a partir de justificativas sólidas e, como venho percebendo, isso tem nos agradado bastante, saber o que estamos dançando e, porquê, pensar além dos vídeos mas, também o que eles são, onde eles se encaixam, pode nos ajudar.
Infelizmente essa é só uma proposta, uma indagação que não sei responder...
Em Wikipédia consta:

"A videoarte é uma forma de expressão artística que utiliza a tecnologia do vídeo em artes visuais. Desde os anos 1960, a videoarte está associada a correntes de vanguarda.Alguns dos principais representantes deste tipo de arte são Nam June Paik, Bill Viola e, no Brasil, Eder Santos, Paulo Bruscky, Corpos Informáticos entre diversos outros.A data simbólica para o nascimento da vídeo-arte é no ano de 1965, através do trabalho do coreano Nam June Paik, sendo um de seus percursores*video junto com o alemão Wolf Vostell.Os artistas usam diferentes mídias, mas o videotape foi o mais utilizado nos tempos iniciais.Hoje com avanço da tecnologia o uso de Flash, Final Cut entre outros faz do meio um desafio".
Não ajuda muito, os links quem sabe...

Já na enciclopédia Itaú Cultural, a definição é melhor:

"O barateamento e a difusão do vídeo no fim da década de 1960 incentivam o uso não-comercial desse meio por artistas do mundo todo, principalmente por aqueles que já experimentavam as imagens fotográficas e fílmicas. O vídeo e a televisão entram com muita força no trabalho artístico, freqüentemente associados a outras mídias e linguagens...Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte como dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura, desafiando as classificações habituais, questionando o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte...A introdução do vídeo nesse universo traz novos elementos para o debate sobre o fazer artístico. As imagens projetadas ampliam as possibilidades de pensar a representação, além de transformar as relações da obra de arte com o espaço físico...Uma nova forma de olhar está implicada nesse processo, distante da ilusão projetada pela tela cinematográfica e da observação da obra tal como costuma ocorrer numa exposição de arte. O campo de visão do espectador é alargado, transitando das imagens em movimento do vídeo ao espaço envolvente da galeria. As cenas, os sons e as cores que os vídeos produzem, menos do que confinados ao monitor, expandem-se sobre e ao redor das paredes da galeria, conferindo ao espaço um sentido de atividade: o olho do espectador mira a tela e além dela, as paredes, relacionando as imagens que o envolvem. Se a videoarte interpela o espaço, visa também alterar as formas de apreensão do tempo na arte. As imagens, em série como num enredo ou projetadas simultaneamente, almejam multiplicar as possibilidades de o trabalho artístico lidar com as coordenadas temporais".

Essas últimas nove linhas me remetem à ampliação inversa do olhar que já pensamos. Como iremos por meio do vídeo ampliar o olhar o espectador para além dos nossos movimentos presenciais, para elém do espaço do teatro, para espaços reconhecíveis como os das ruas, e novos, para aqueles da imaginação, que ganham forma no vídeo. Faremos uma ampliação inversa da descrita acima, mas correspondente no tocante à proposta, ampliar o olhar do espectador.
Bem, essa é só uma introdução do que pude pesquisar...
Quem tiver mais a respeito, acho que seria interessante "botar na roda", vamos retomar o blog, esclarecer idéias que, como vimos, nos ajudam a pensar e elaborar o espetáculo!
Charlene

domingo, 16 de agosto de 2009

Tecnologia do dia a dia.


Segundo Bittencourt, a palavra tecnologia vem do grego tekhnologia, formada por tekchno: arte, indústria, ciência + logia (logos): Linguagem, estudo. Ou seja, tecnologia é a linguagem ou o estudo da arte e da ciência.


Qual é o ser humano que não utiliza a tecnologia para algum benefício próprio?
Quando penso em sair de casa, nem penso e já estou com o celular na mão.
Uma coisa já esta tão intrínseca na outra que já não conseguimos mais distinguir de fato o que fazemos sozinhos ou o que nos apoiamos. Não estou fazendo uma queixa, pelo contrario. Mas na arte ou na dança isso não é diferente, quando pensamos em uma luz que constrói a cena, ou em um vídeo que converse com o intérprete ou o espectador e espetáculo. Estamos utilizando a tecnologia sem desassociá-la do principal. Que é a obra em si.
Porém estamos vivendo num mundo onde as facilidades são tantas que robôs dançam ou intérpretes transformam seus corpos em holografias. Onde tudo vale. E o que não vale?
A questão é, de que forma utilizo a tecnologia para melhorar, transformar e aprimorar a dança, criando discussões e reflexões acerca do tema e não criando simplesmente mais um show de artifício?

Apenas pensando sobre.

Nastaja Brehsan

Balançar, hesitar é também estar em dúvida.

Ao pensar nestas palavras, que são a mesma coisa, penso no nosso percurso e porque ele tem sido diferente.
Quando penso em união, em estar junto, logo me vem à imagem de coisas que se aproximam, que se querem, que tem a certeza de que este é o caminho a ser percorrido mesmo com os percalços que se obstruem.
Pela primeira vez, pelo menos pra mim, nos unimos justamente pelo incerto, pela dificuldade e pelo descrédito. Parecia tudo uma grande farsa, mas a O´ctus estava ali. Era tudo muito confuso, caótico, mas estávamos ali. Sem saber direito como seria, o que teríamos que fazer e como o faríamos. É engraçado, pois o mais fácil seria a auto destruição de fato, mas não. Estamos aqui. Sinto como se estivesse lá no inicio, porém com mais maturidade nas decisões. Sem grandes aventuras, mas com a certeza de que realmente é isso que eu quero. É isso.
Não me importo com colocações de terceiros sobre o que ou como estamos. Me importa saber que na maior dificuldade estamos juntas, trabalhando e vendo o nosso trabalho nascer.
Acho que isto faz parte do anti-percurso da companhia e que realmente me incita a criação.

Nastaja Brehsan

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Considerações sobre Retorno

Retornar: Voltar ao ponto de onde se partiu; regressar; Trazer; regressando; Restituir.(DICIONÁRIO ONLINE PRIBERAM)

Retorno:Ato ou efeito de retornar; mercadoria que se trouxe em troca da que se levou; aquilo que se dá em troca do que se recebeu; Dádiva em compensação.(DICIONÁRIO ONLINE PRIBERAM)

Depois de nossas conversas a respeito de RETORNO pensei em como poderiam ser as nossas intenções. Retornar não me parece fácil, após um desvio, voltar com informações diferentes ao que se tinha anteriormente. Esse anterior logo é modificado, pois as pessoas estão modificadas, o desvio lhes trouxe uma carga de informações e experiências que afloram nelas, muitas vezes até despropositadamente.
No entanto, se houve um Retorno, foi porque assim o quiseram, caso contrário, no instante em que ele fosse percebido seria abandonado, desviariam de sua rota. Então, isso me leva a pensar que por mais difícil que retornar seja, não necessariamente, ou a todo instante, tenha que ser pesado. A pesado, me refiro, com uma carga de tensão, de semblantes fechados. Nossos corpos estão atentos, em estado de alerta para enfrentarem os obstáculos, mas nem por isso ou nem sempre têm que permanecer tensos. Se em Desvio há momentos descontraídos, como por exemplo Minimal, misturados a alguns instantes de tensão, porque em Retorno teria que ser diferente? Nosso retorno à Cia heheh (estou me referindo a essa nova fase em que estamos sem a figura de um diretor) foi difícil, bem difícil, mas também houveram momentos divertidos, alegres... O que foi o nosso último ensaio? Um festival de tosses, corpos cansados, doloridos e muitas gargalhadas heheh! O que foi a última reunião na casa da Nastaja? A minha boa surpresa em ver a Sá, não sei como explicar, mas ela me parecia contente e surpresa com o trabalho, com o que estava resultando o nosso espetáculo!
Se vamos encerrar com nossas caminhadas elas poderiam ganhar um “novo ar”. De quem passou pelo percurso, desviou por caminhos próprios e esclarecedores e retornou, com novas bagagens e acreditando que era o melhor a ser feito, acreditando nesse retorno e estando “mais leve” após trilhar todos esses caminhos...
Não sei, foi só uma idéia, uma reflexão sobre a gente (O'ctus) e o resultado: o nosso espetáculo, como uma dádiva em compensação, assim como consta no dicionário. Nosso Retorno, pra mim, é uma dádiva que compensa os obstáculos que encontramos pelo caminho.

Charlene Simão

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Um pouco de PERCURSO!!!

Fiquei pensando nas questões da Charlene e resolvi tentar escrever as respotas que me passaram pela cabeça.

Primeiramente sobre o novo, a busca do novo. Não creio nessa busca, acredito que muitas das descobertas (que parecem ser "novas") são desdobramentos de nossas memórias corporais, são formas diferentes do mesmo mecanismo. E isso pra mim não é ruim, pelo contrário acho instigante construir estruturas partindo de um mesmo princípio, acho que agrande busca do bailarino é essa. Pois, ele possui um corpo, um único e definido corpo, ele pode se contentar com um milhão de possibilidades de movimentação, mas ele pode porém elevar ao quadrado ou ao cubo (ou muito mais) essas possibilidades. Essa idéia da matemática pra mim é muito relevante e transmite exatamente a questão do transformar e não da busca pelo novo. Pois quando se eleva ao quadrado (ou ao cubo, ou etc.) um número, multiplica-se ele por ele mesmo, ou seja cria-se um outro número a partir do mesmo, não é a soma, ou o acréscimo de diferentes, mas a multiplicação de um mesmo fator. Portanto acho extremamente válido voltar em movimentações antigas, ou "beber" da movimentação dos outros espetáculos, pois revisitar essa história é transformá-la. A discussão do Retorno no Anti-Percurso pra mim é isso, revisitar o espetáculo, re-experimentá-lo, transformá-lo, partindo dos mesmos princípios.


Quanto à nossa relação com a Tecnologia.
Temos que tomar realmente cuidado com o que é tecnologia pra O'ctus, será que tecnologia são somente os aparatos tecnológicos, ou será que nossos pensamentos estão trazendo a tecnologia para nossa cena, nosso corpo, etc. Não sei, acho estamos nos encaminhando para questões diferentes, as quais nem estamos nos dando conta. Por exemplo, não sei quanto à vocês, mas antes quando pensava num vídeo dentro de um espetáculo, eu não conseguia vê-lo fazendo parte da dramaturgia, parecia uma figuração, algo descolado, e hoje quando Charlene e Nastaja criam uma cena usando vídeo e palco iluminado pela própria luz do projetor, uma cena na penumbra, ou seja a luz aqui pensada e não somente um vídeo apresentado na tela. Isso pra mim é pensar na tecnologia, e acho que aos poucos vamos absorvendo ainda mais esses pensamentos, por isso insisto também nos questionamentos que a Rafa pode nos trazer, esse olhar de sua área,acerca da nossa (aqui digo todas, inclusive a Rafa, que na minha opinião absorve muito bem o mundo poético da dança)área.

Por enquanto é isso, se surgir mais alguma coisa, compartilho aqui com vocês.

Sabrina Gizela

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Insisto em um não Anti-Percurso

Ontem eu estava relendo um texto de Greiner e encontrei algumas colocações que, mais do que reforçar, fizeram-me ampliar as idéias contidas no texto que escrevi anteriormente.
Por mais voltas que minha escrita tenha dado, sentia-me desatada a velhas restrições, umas criadas por mim e outras assimiladas, refletindo pensamentos alheios...
Greiner em Cinco questões para pensar na dança contemporânea brasileira como anticorpos à categoria de “corpo brasileiro” (2007) levanta um questionamento acerca da pesquisa em dança contemporânea no Brasil, uma categoria influenciada por estrangeirismos que por vezes, perde-se ao procurar artifícios para ser mundialmente aceita, como se cada corpo não carregasse em si uma série de experiências definindo seus estados de movimento, de estar-se em relação ao outro, a si, ao mundo...
Quando eu sugiro nesse processo de montagem que não nos prendamos, por enquanto, àquilo que sem re-visitar acreditamos já não nos pertencer, percebo as idéias de “Desvio” brotando mais facilmente e, se quisermos tantas outras virão, normal sermos mais instigados pelo novo, criar cenas e movimentos “diferentes” dos nossos. Mas a idéia de identidade, pra mim é fundamental. Quando pesquisei para o TCC a trajetória da cena de algumas companhias de dança percebi que por mais que houvesse em boa parte dos coreógrafos uma necessidade do novo, padrões estéticos sempre se repetiam. O que mais chamou a minha atenção foram os coreógrafos que mais do que perceber isso como um efeito, assumiram essa identidade como causa.
Ter que por própria conta apontar características de cena inerentes ao trabalho das Cias. sem a ajuda de alguns criadores (por dificuldade de auto-analisarem-se) foi no mínimo surpreendente! Não por nada é que os espetáculos mais consistentes que formavam uma identidade forte são, a meu ver, daqueles criadores conscientes da construção de uma identidade para o seu trabalho.
Pode parecer meio ambíguo falar de construção de identidade ao mesmo tempo em que proponho que não “nos prendamos”. Não sugiro que devamos “dar voltas em torno da cola” heheh e muito menos que partamos para uma busca desenfreada em torno do maisssss contemporâneo em dança.
Sugiro somente que não tenhamos problemas em re-visitar nosso passado corporal e estético, entendamos o que ainda nos cabe e que isso, obviamente seja repensado em virtude de nossas inquietações atuais.... Uma idéia, por sinal, bem antiga. Faz-me lembrar dos antropofágicos da semana de 22 heheh!
Devemos cuidar com os anticorpos apontados por Greiner! Não precisamos ampliar tanto a idéia assim, saiamos dos anticorpos que criamos à nossa brasilidade e passamos para a nossa octanidade heheh! Assim como Greiner (2007, p.14) não se refere “a um pacote de regras dadas e coerentes com a imagem do que se convencionou chamar de dança brasileira ou corpo brasileiro...” não estou visando um remake de “2”, “Vácuo”, “Frágil”.... Mas eu acho que isso já está claro, ou não?
Acho que sim hehheh!
Creio que essa questão não se limita a apenas criação de vocabulário de movimento, ela pode ser ampliada aos vários elementos que compõem a cena e nesse ponto, lembro a interação com a tecnologia.
Em nosso site está escrito:
A companhia atualmente desenvolve pesquisa acerca da relação entre arte e tecnologia, entendendo essa relação como fator primordial para a construção de um novo olhar sobre o corpo.
Assim que li me perguntei se essa afirmativa é totalmente verdadeira, se talvez ela não seja a nossa intenção, mas não ainda a prática. Essa é uma dúvida que eu tenho, sei que à parte, algumas integrantes têm uma relação entre dança e tecnologia mais próxima (vídeo-dança é um bom exemplo disso). Mas quanto aos espetáculos da O’ctus? Quanto, realmente, está estabelecido essa relação? Às vezes percebo uma dissociação no momento de criação! A tecnologia entra depois da criação, parece que ela é muito mais solicitada após a concepção de uma idéia de cena, por exemplo.
Claro que as associações nem sempre são instantâneas e que em meio a tantas mudanças a relação entre dança e tecnologia também pode ter sido distanciada, assim como tantas outras relações que estamos aproximando. Mas enquanto não colocarmos essa questão “na roda” vai continuar aquela frase em nosso site, e eu estarei sem saber se realmente faz parte de nossa realidade ou de nossas intenções! E aqui me refiro aos espetáculos de dança, o quanto a tecnologia esteve presente como fator primordial à criação cênica? E, qual ou quais tecnologias estão sendo discutidas?
Questões a serem pensadas, nem eu que escrevi sobre, sei exatamente se concordo com tudo escrito referente à tecnologia...
Greiner ainda aponta outra questão que mais uma vez me remete às nossas memórias corporais e a uma parte de nossa identidade O’ctus:

O processo de imitação carrega, pela sua própria natureza, a impossiblidade da fidelidade da cópia. O risco é o esvaziamento da fidelidade do processo, a despolitização da ação. Algo que no Brasil, como que em outros países, já aconteceu inúmeras vezes ao se tomar um modelo cultural estrangeiro como decalque e não como mapa. Isso porque, ao usar a informação estrangeira como ignição criativa, instala-se um novo processo e a vitalidade se restaura. Mas ao colar no outro, o decalque anuncia a experiência defunta típica dos movimentos massificadores, quando a memória pessoal desaparece para ceder lugar à memória coletiva. (GREINER, 2007, p. 16)

A citação me parece um válido conselho. Penso que é muito fácil nos encantarmos com as novas possibilidades da dança contemporânea, principalmente ao assistirmos espetáculos de Bausch, Keersmaeker, Perdeneiras... No entanto, mais encantador do que um espetáculo de algum desses criadores, penso ser a identidade que cada um criou para seu trabalho, presente em cada movimento, gesto, ação, figurino, luz, cenário...
Charlene
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