Fiquei pensando nas questões da Charlene e resolvi tentar escrever as respotas que me passaram pela cabeça.
Primeiramente sobre o novo, a busca do novo. Não creio nessa busca, acredito que muitas das descobertas (que parecem ser "novas") são desdobramentos de nossas memórias corporais, são formas diferentes do mesmo mecanismo. E isso pra mim não é ruim, pelo contrário acho instigante construir estruturas partindo de um mesmo princípio, acho que agrande busca do bailarino é essa. Pois, ele possui um corpo, um único e definido corpo, ele pode se contentar com um milhão de possibilidades de movimentação, mas ele pode porém elevar ao quadrado ou ao cubo (ou muito mais) essas possibilidades. Essa idéia da matemática pra mim é muito relevante e transmite exatamente a questão do transformar e não da busca pelo novo. Pois quando se eleva ao quadrado (ou ao cubo, ou etc.) um número, multiplica-se ele por ele mesmo, ou seja cria-se um outro número a partir do mesmo, não é a soma, ou o acréscimo de diferentes, mas a multiplicação de um mesmo fator. Portanto acho extremamente válido voltar em movimentações antigas, ou "beber" da movimentação dos outros espetáculos, pois revisitar essa história é transformá-la. A discussão do Retorno no Anti-Percurso pra mim é isso, revisitar o espetáculo, re-experimentá-lo, transformá-lo, partindo dos mesmos princípios.
Quanto à nossa relação com a Tecnologia.
Temos que tomar realmente cuidado com o que é tecnologia pra O'ctus, será que tecnologia são somente os aparatos tecnológicos, ou será que nossos pensamentos estão trazendo a tecnologia para nossa cena, nosso corpo, etc. Não sei, acho estamos nos encaminhando para questões diferentes, as quais nem estamos nos dando conta. Por exemplo, não sei quanto à vocês, mas antes quando pensava num vídeo dentro de um espetáculo, eu não conseguia vê-lo fazendo parte da dramaturgia, parecia uma figuração, algo descolado, e hoje quando Charlene e Nastaja criam uma cena usando vídeo e palco iluminado pela própria luz do projetor, uma cena na penumbra, ou seja a luz aqui pensada e não somente um vídeo apresentado na tela. Isso pra mim é pensar na tecnologia, e acho que aos poucos vamos absorvendo ainda mais esses pensamentos, por isso insisto também nos questionamentos que a Rafa pode nos trazer, esse olhar de sua área,acerca da nossa (aqui digo todas, inclusive a Rafa, que na minha opinião absorve muito bem o mundo poético da dança)área.
Por enquanto é isso, se surgir mais alguma coisa, compartilho aqui com vocês.
Sabrina Gizela
Primeiramente sobre o novo, a busca do novo. Não creio nessa busca, acredito que muitas das descobertas (que parecem ser "novas") são desdobramentos de nossas memórias corporais, são formas diferentes do mesmo mecanismo. E isso pra mim não é ruim, pelo contrário acho instigante construir estruturas partindo de um mesmo princípio, acho que agrande busca do bailarino é essa. Pois, ele possui um corpo, um único e definido corpo, ele pode se contentar com um milhão de possibilidades de movimentação, mas ele pode porém elevar ao quadrado ou ao cubo (ou muito mais) essas possibilidades. Essa idéia da matemática pra mim é muito relevante e transmite exatamente a questão do transformar e não da busca pelo novo. Pois quando se eleva ao quadrado (ou ao cubo, ou etc.) um número, multiplica-se ele por ele mesmo, ou seja cria-se um outro número a partir do mesmo, não é a soma, ou o acréscimo de diferentes, mas a multiplicação de um mesmo fator. Portanto acho extremamente válido voltar em movimentações antigas, ou "beber" da movimentação dos outros espetáculos, pois revisitar essa história é transformá-la. A discussão do Retorno no Anti-Percurso pra mim é isso, revisitar o espetáculo, re-experimentá-lo, transformá-lo, partindo dos mesmos princípios.
Quanto à nossa relação com a Tecnologia.
Temos que tomar realmente cuidado com o que é tecnologia pra O'ctus, será que tecnologia são somente os aparatos tecnológicos, ou será que nossos pensamentos estão trazendo a tecnologia para nossa cena, nosso corpo, etc. Não sei, acho estamos nos encaminhando para questões diferentes, as quais nem estamos nos dando conta. Por exemplo, não sei quanto à vocês, mas antes quando pensava num vídeo dentro de um espetáculo, eu não conseguia vê-lo fazendo parte da dramaturgia, parecia uma figuração, algo descolado, e hoje quando Charlene e Nastaja criam uma cena usando vídeo e palco iluminado pela própria luz do projetor, uma cena na penumbra, ou seja a luz aqui pensada e não somente um vídeo apresentado na tela. Isso pra mim é pensar na tecnologia, e acho que aos poucos vamos absorvendo ainda mais esses pensamentos, por isso insisto também nos questionamentos que a Rafa pode nos trazer, esse olhar de sua área,acerca da nossa (aqui digo todas, inclusive a Rafa, que na minha opinião absorve muito bem o mundo poético da dança)área.
Por enquanto é isso, se surgir mais alguma coisa, compartilho aqui com vocês.
Sabrina Gizela